A Influência da Biomecânica no Pé Diabético

As principais funções do pé durante a marcha normal são amortecer o impacto do contato do calcanhar com o solo no início da fase de apoio; adaptar-se a mudanças na superfície de contato durante o médio apoio, conforme o corpo se desloca para frente; e promover estabilidade na fase de propulsão.

De acordo com as Diretrizes para o Diagnóstico e Abordagem Ambulatorial da Neuropatia Diabética Periférica, esta patologia é definida como “a presença de sintomas e/ou sinais de disfunção dos nervos periféricos em pessoas com Diabetes Mellitus, após a exclusão de outras causas” e gera perdas progressivas de sensibilidade vibratória, térmica, tátil e proprioceptiva. Atrofia muscular, disfunções musculoesqueléticas e autonômicas podem se estabelecer nos estágios mais avançados da doença.

Os fatores mecânicos desempenham um papel fundamental na etiologia das úlceras podais. O ferimento geralmente ocorre através de uma deformidade no pé, como cabeças de metatarsos proeminentes ou dedos em garra, na presença de neuropatia sensitivo-motora que leva à aplicação repetida de pressão plantar elevada e possibilidade de estresse de acomodação em determinadas regiões dos pés durante a marcha. Esta pressão causa dano tecidual e caso o trauma seja persistente devido à perda da sensibilidade protetora, úlceras na pele espessada podem desenvolver-se com grande risco de infecção.

Uma forte relação foi estabelecida entre a pressão anormal do pé e a incidência de ulceração plantar. Esta pressão pode ser mensurada durante a marcha realizada com o paciente descalço, utilizando-se de equipamentos comercializados, que utilizam métodos ópticos ou eletrônicos para demonstrar o contorno da pressão plantar em um computador.

Vários outros problemas envolvendo a biomecânica também são considerados relevantes para o pé diabético. A neuropatia periférica causa o aumento do balanço postural em ortostatismo, mais quedas e ferimentos durante a marcha, traumas nos pés e pode alterar a forma de deambular. A neuropatia motora pode contribuir para o desenvolvimento de deformidades nos pés, enquanto a mobilidade limitada das articulações do pé e do tornozelo está associada à pressão plantar elevada.

Dentro deste contexto, o podólogo poderá atuar na avaliação postural, do equilíbrio, da pisada e de calçados desses pacientes; realizar a higienização dos pés; promover o corte correto e lixamento das unhas; estudar as causas e atividades para a prevenção de quedas; tratar calosidades, anidroses, dedos em garra, onicomicoses, onicoscleroses, onicogrifoses e macerações interdigitais; avaliar o retorno venoso; e orientar para a utilização de palmilhas, meias especiais e calçados adequados à situação do indivíduo. Isso irá favorecer a saúde dos pés de pacientes portadores desta doença autoimune, que irá influenciar na biomecânica da marcha, prevenindo complicações.

Christiana Vargas

Dra. e Docente do Instituto Educacional São Camilo

Bibliografia:

– Arkkila PET, Kantola IM, Viikari JSA. Limited joint mobility in noninsulin dependent diabetic (NIDDM) patients: correlation to control of diabetes, atherosclerotic vascular disease, and other diabetic complications. J Diabetes Compl. 1997;11(4):208-17.

– Arkkila PE, Gautier JF. Musculoskeletal disorders in diabetes mellitus: an update. Best Pract Res Clin Rheumatol. 2003;17(6):945-70.

– Boulton AJM, Veves A, Young MJ. Etiopathogenesis and management of abnormal foot pressures. In: Levin ME, O’Neal LW, Bowker JH, Eds. The Diabetic Foot. 5th ed. St. Louis: Mosby Year Book; 1993:233-46.

– Caputo GM, Cavanagh PR, Ulbrecht JS, Gibbons GW, Karchmer AW. Assessment and management of foot disease in patients with diabetes. New Engl J Med 1994;31(13):854-60.

– Cavanagh PR, Simoneau GG, UlbrechtJS. Ulceration, unsteadiness and uncertainty: The biomechanical consequences of diabetes mellitus. J Biomechanics. 1993;26(Suppl):23-40.

– Saltzman CL, Nawoczenski DA. Complexities of foot architecture as a base of support. J Orthop Sports Phys Ther. 1995;21(6):354-60.

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A Influência da Biomecânica no Pé Diabético

As principais funções do pé durante a marcha normal são amortecer o impacto do contato do calcanhar com o solo no início da fase de apoio; adaptar-se a mudanças na superfície de contato durante o médio apoio, conforme o corpo se desloca para frente; e promover estabilidade na fase de propulsão.

De acordo com as Diretrizes para o Diagnóstico e Abordagem Ambulatorial da Neuropatia Diabética Periférica, esta patologia é definida como “a presença de sintomas e/ou sinais de disfunção dos nervos periféricos em pessoas com Diabetes Mellitus, após a exclusão de outras causas” e gera perdas progressivas de sensibilidade vibratória, térmica, tátil e proprioceptiva. Atrofia muscular, disfunções musculoesqueléticas e autonômicas podem se estabelecer nos estágios mais avançados da doença.

Os fatores mecânicos desempenham um papel fundamental na etiologia das úlceras podais. O ferimento geralmente ocorre através de uma deformidade no pé, como cabeças de metatarsos proeminentes ou dedos em garra, na presença de neuropatia sensitivo-motora que leva à aplicação repetida de pressão plantar elevada e possibilidade de estresse de acomodação em determinadas regiões dos pés durante a marcha. Esta pressão causa dano tecidual e caso o trauma seja persistente devido à perda da sensibilidade protetora, úlceras na pele espessada podem desenvolver-se com grande risco de infecção.

Uma forte relação foi estabelecida entre a pressão anormal do pé e a incidência de ulceração plantar. Esta pressão pode ser mensurada durante a marcha realizada com o paciente descalço, utilizando-se de equipamentos comercializados, que utilizam métodos ópticos ou eletrônicos para demonstrar o contorno da pressão plantar em um computador.

Vários outros problemas envolvendo a biomecânica também são considerados relevantes para o pé diabético. A neuropatia periférica causa o aumento do balanço postural em ortostatismo, mais quedas e ferimentos durante a marcha, traumas nos pés e pode alterar a forma de deambular. A neuropatia motora pode contribuir para o desenvolvimento de deformidades nos pés, enquanto a mobilidade limitada das articulações do pé e do tornozelo está associada à pressão plantar elevada.

Dentro deste contexto, o podólogo poderá atuar na avaliação postural, do equilíbrio, da pisada e de calçados desses pacientes; realizar a higienização dos pés; promover o corte correto e lixamento das unhas; estudar as causas e atividades para a prevenção de quedas; tratar calosidades, anidroses, dedos em garra, onicomicoses, onicoscleroses, onicogrifoses e macerações interdigitais; avaliar o retorno venoso; e orientar para a utilização de palmilhas, meias especiais e calçados adequados à situação do indivíduo. Isso irá favorecer a saúde dos pés de pacientes portadores desta doença autoimune, que irá influenciar na biomecânica da marcha, prevenindo complicações.

Christiana Vargas

Dra. e Docente do Instituto Educacional São Camilo

Bibliografia:

– Arkkila PET, Kantola IM, Viikari JSA. Limited joint mobility in noninsulin dependent diabetic (NIDDM) patients: correlation to control of diabetes, atherosclerotic vascular disease, and other diabetic complications. J Diabetes Compl. 1997;11(4):208-17.

– Arkkila PE, Gautier JF. Musculoskeletal disorders in diabetes mellitus: an update. Best Pract Res Clin Rheumatol. 2003;17(6):945-70.

– Boulton AJM, Veves A, Young MJ. Etiopathogenesis and management of abnormal foot pressures. In: Levin ME, O’Neal LW, Bowker JH, Eds. The Diabetic Foot. 5th ed. St. Louis: Mosby Year Book; 1993:233-46.

– Caputo GM, Cavanagh PR, Ulbrecht JS, Gibbons GW, Karchmer AW. Assessment and management of foot disease in patients with diabetes. New Engl J Med 1994;31(13):854-60.

– Cavanagh PR, Simoneau GG, UlbrechtJS. Ulceration, unsteadiness and uncertainty: The biomechanical consequences of diabetes mellitus. J Biomechanics. 1993;26(Suppl):23-40.

– Saltzman CL, Nawoczenski DA. Complexities of foot architecture as a base of support. J Orthop Sports Phys Ther. 1995;21(6):354-60.

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